Estamos em época de eleições. É momento de prometer o céu na Terra, mesmo ferindo a quem está à minha frente. Uns caem e ficam, mas outros se renovam e, com determinação, decidem prosseguir. A luta é acirrada e cheia de ferimentos.
Será possível ter paz nos relacionamentos quando somos feridos? Conseguiremos viver livres de mágoas provocadas por acusações corretas ou não? Como viveremos quando somos machucados por familiares e/ou amigos? Queremos perdoar para restaurar esses relacionamentos?
Nessas ocasiões, é comum falar que fomos “pegos pra Cristo”, relacionando ao sofrimento cruel e injusto que Jesus recebeu. Ele não abriu a boca e se deixou passar pelas injúrias. Será que podemos conseguir esse feito também? Pelo seu exemplo de vida e seu ensino compartilhado, Ele nos encoraja a decidirmos viver livres de ferimentos e mágoas com os quais temos todo o potencial de nos derrotar.
O perdão é decidir acertar as contas, mas deixando Deus pagá-las, e não eu. Preciso tratar a dívida e não deixar para que o tempo traga soluções, por si mesmo. Dívida protelada só aumenta o valor. Mágoa não acertada, só cobra mais. Dívida paga já não a recorda e muito menos o seu valor.
O perdão é uma decisão unilateral, não importando os resultados. Eu controlo o perdoar e não permito ser controlado pela dor que ele quer me trazer. A mágoa é como comer caco de vidro, só machuca mais a cada ato digestivo que pratico.
O perdão é decidir agradar a Deus, acertando primeiro com Ele. É ofensa a Ele, pois queira ou não, o meu livre arbítrio está debaixo do Seu senhorio. Há perdão já prometido por Ele, mas também justiça pelo meu ato. Ele já disse que só nos perdoará na mesma medida que fazemos o mesmo. Recebo de Deus para dar ao semelhante.
O perdão é receber de Deus algo que não poderei pagá-Lo nunca. É mérito Dele e não meu. Quando perdoo, decido fazê-lo, não importando mais a resposta do outro. Perdoar é dar, sem esperar receber. Não vou cobrar mais a atitude de ninguém.
O perdão é receber de Deus um alvará ilimitado. É admitir que, por mim, eu não consigo, mas aceito ser ajudado por Ele. É estar livre de todos os pecados, e isso independe de quantos eu os pratiquei. Perdoar é também não impor limites, pois é assim que desejo que Deus faça comigo.
Perdoar é viver para frente e não andar tropeçando nas amarguras que trarão, com certeza, a morte do meu interior. Perdoar é decidir pelo melhor, deixando Deus agir com Justiça e Graça. Perdoar é viver livre o dia de hoje. Amargar é morrer pelo amanhã.
Pr. Carlos Nogueira Martins
Associação Apascentar