A FESTA DA PÁSCOA ESTÁ PERTO… COMO IREMOS COMEMORÁ-LA?

A comemoração inicial foi para marcar a saída do povo de Israel do Egito. Foram séculos de escravidão. O plano de Deus para a formação do seu povo estava se iniciando. Essa história era para ser lembrada, mas nem sempre foi feita. Na maioria das vezes a lembrança também perdeu o seu valor. Hoje, ela está ainda mais distante do seu real significado, ensinado e vivido por Jesus.

As festas judaicas fizeram parte da vida de Jesus. A primeira oportunidade em que ele viveu a festa da Páscoa foi logo aos 12 anos. O próximo relato bíblico foi quando, zeloso pela casa do seu Pai, ele expulsou os cambistas, juntamente com animais, moedas e pessoas (João 2:13-25). Ele assumiu uma posição de autoridade não ainda vista pelos religiosos comerciantes. Que experiência pascal trágica!

A próxima lembrança de Jesus da festa da páscoa é de uma importância tão grande que podemos dizer que ela foi dele. Ele manifestou o seu grande desejo de participar da festa com os seus discípulos mais próximos (Lucas 22:15). Ele foi o centro de toda a comemoração, através da sua promessa e entrega para o sofrimento na cruz. O evangelho de João (cap. 13-17) narra uma conversa longa e difícil entre eles, por ocasião do jantar pascal.

Com a sua autoridade confirmada pelo Pai e pela sua vida, ele nos deixou uma série de verdades que são fundamentais para a nossa vida pessoal. O apóstolo Paulo (I Cor. 5:6-8) nos adverte da possibilidade de olharmos para a páscoa sob uma interpretação errada, ou até mesmo vivê-la com sentimentos de parcialidade, hipocrisia e maldade.

O que de fato Jesus estava comemorando? O que ela deve representar para nós hoje?

Para ele, comemorar a páscoa é servir ao outro com humildade. A liderança de Jesus é como a de um servo, que toma a iniciativa de com uma toalha servir aos seus amigos. Jesus decidiu servir enquanto estava nos céus em uma posição de glória, buscando o interesse do outro, deixando a honra do Pai para a vida eterna (Fil. 2: 3-11). Foi o próprio Jesus que serviu o pão e o cálice aos seus discípulos. Ele não buscou posição entre eles, mas oportunidades para servir. Não viveu para ser servido, mas para dar-se pelos outros.

Jesus jantou com eles para exemplificar a sua morte sacrificial nos elementos da ceia. Ele tinha plena consciência de que a cruz estava chegando. Como foi possível comer a páscoa com aqueles que dentro de algumas horas iriam fugir do seu convívio? Como conviver com pessoas de quem não podemos esperar companheirismo e oração nos momentos de dificuldades? Ele está ensinando o perdão a todos, sobretudo aos mais íntimos. Como foi maravilhoso o seu olhar dirigido principalmente a Pedro, demonstrando o seu interesse pelos discípulos, renovando a confiança deles e neles.

Ele esclarece sobre o outro Consolador que viria em nome dele. Agora, pela presença constante do Espírito Santo e com todo o seu poder, ele oferece vitória sobre o nosso pecado pessoal, criando todas as possibilidades para sermos bons servos. Jesus nunca havia falado tanto do Consolador e isto veio como forte apoio à baixa emocional e espiritual em que eles se encontravam. Nunca mais estaremos sós. Qual a nossa relação de intimidade com o Consolador? Estamos prontos a encorajar e orar com os desanimados que existem entre nós ou preferimos apenas julgá-los? Estamos prontos a estender a mão para para oferecer-lhes o renovo do Senhor?

A páscoa ensina sobre a garantia da salvação eterna pela fé exclusiva no sacrifício perfeito de Jesus. O evangelho de João é o que mais enfatiza, que Jesus como divino, pode oferecer vida eterna. A nossa perspectiva de vida com Jesus é muito mais para a eternidade do que para hoje. Ela promete vitória sobre a morte, pois Ele vive. Ele enfatizou a eternidade, quando participará novamente de uma nova ceia. Ele está esperando por nós. Não há porque priorizarmos facilidades pessoais para o tempo presente, se já temos algo muito superior.

Jesus deixa claro na sua conversa que a nossa vida pode ser frutífera e trazer muita glória ao Pai, mas só pela dependência diária ao andarmos com ele. Nós não podemos dar frutos por nós mesmos, mas permanecendo nele e na sua palavra haveremos de frutificar algo permanente. Ele mesmo diz que sofreremos perdas, mas para sermos ainda mais úteis. Não há como fugirmos das aflições, mas podemos contar com o consolo dele conosco. Ele entende o que passamos, pois foi alvo de um sofrimento muito maior.

Ele reconhece que está concluindo o seu objetivo de vida aqui e ora pela nossa unidade como futura igreja e não apenas como um grupo religioso. Somos diversos, mas podemos ser unidos pela valorização como corpo de Cristo. Ele nos constituiu membros da sua família, como interdependentes uns dos outros. Não existe possibilidade de realizarmos a sua obra de maneira egoísta e focados no nosso próprio entendimento.

A festa da Páscoa é para ser lembrada, muito mais do que o Natal. Não podemos esquecer os seus ensinamentos na nossa vivência diária com Ele.

Comemorar a Pascoa é festejar com Jesus algo de valor eterno.

Feliz Páscoa a todos…

Pr. Carlos N. Martins
Associação Apascentar